Recebidas com sorrisos e abraços calorosos na casa da Manu, conversamos sobre 3 anos de história das Bacurinhas. Um papo cheio de memórias e reflexões sobre os desafios e demandas de ser mulher, artista, ativistas nos contextos atuais de nossa cidade e país. Com café e bolo na mesa, falamos sobre o crescimento e amadurecimento de todas ao longo dos processos do coletivo. Sobre as repercussões e transformações que se deram nelas mesmas, na cidade e em seus contextos sociais e familiares ao longo desse trajeto.
As Bacurinhas são um coletivo de atrizes, performers, produtoras e pesquisadoras que tem como principal cerne tratar das pautas dos feminismos e dos femininos no teatro. O coletivo se formou em 2014 com o espetáculo “Calor na Bacurinha” que investigou as feminilidades. Dentro disso, investigaram as ondas históricas do feminismo, apontando para questões do feminismo negro, latino americano e interseccional, “não entendendo como feminino somente o corpo da mulher cisgênera e à norma do que é ser feminina”. Investigaram os dizeres sociais do que é feminino e essa construção histórica. De lá para cá circulam com o espetáculo, que amadureceu, ganhou novos formatos e desdobramentos, levando o coletivo para outras linguagens e propostas estéticas de trabalhar com os feminismos dentro da arte em ações como: "Bacurinhas em Debate", "Bacurinhas em fexta", "BacuBanda" e "M.O.T.I.M".
Atualmente o coletivo entra em uma nova fase na proposta de ações como por exemplo, tentar vincular seus trabalhos à escolas, tanto para formação de professores quanto para estudantes mas, principalmente, trabalham na construção do seu novo espetáculo chamado "Ópera Bruta", que na contramão do espetáculo anterior do grupo, investiga as masculinidades, os corpos, dizeres e ações das masculinidades, mesclando técnicas como Drag King e danças típicas dançadas apenas historicamente por homens. Resumindo, os trabalhos do Coletivo Bacurinhas pretendem rever as construções de gênero e os papéis sociais determinados a cada gênero como conhecemos e, reinventar, a partir do teatro, outro caminho, outra linguagem social e estética dentro da arte.
Falar, criar e ser feminista é um caminho que lida tanto com o campo do individual, quanto com o coletivo. Parte de reconhecimento e reconstrução de si mesmas em relação a si e ao mundo, de trazer à tona nos corpos e no fazer artístico aquilo que ressoa das nossas trajetórias enquanto mulheres e cidadãs. As Bacurinhas são exemplo deste processo de quem se permite olhar para o que dói e transformar feridas, incômodos em poesia, expressando pelo corpo e pela voz ideias de libertação e visibilidade de muitas outras vozes. Vocês nos representam ".